Busca sem resultado
jusbrasil.com.br
20 de Abril de 2024

Regras novas da campanha eleitoral dificultam entrada de novos candidatos

A campanha com tempo de tevê reduzido e maior uso de redes sociais está longe de proporcionar maior acesso a quem está fora da política. Até a internet será usada com maior facilidade por quem já detém mandato. Resultado esperado é pouca renovação

há 6 anos

Acostumados às regalias da vida pública, deputados e senadores pretendem continuar na política e dificultar a entrada de novos nomes no Congresso Nacional. Cerca de 80% dos parlamentares eleitos pretendem continuar na carreira — 67 pessoas no Senado e 434 na Câmara. Alguns, ainda que fora do Parlamento, buscam novos cargos, como o de presidente da República e governador. Seis meses após a aprovação da reforma política, cuja bandeira era justamente a renovação, poucos movimentos devem ser concluídos no pleito de 2018. As vagas que sobrarem, serão preenchidas por quem já tem capital político e, até, pelos herdeiros de votos.

Compilando os resultados de três pesquisas, foi realizado um levantamento sobre o futuro dos parlamentares na política (veja quadro abaixo). Muitos, ainda que investigados na Lava-Jato, pretendem se manter em cargos eletivos. “Faço palestras sobre isso o tempo todo. O empenho dos políticos profissionais em continuar nessa trajetória não favorece quem ainda quer chegar a esse mundo. Aliado a isso, teremos uma eleição mais curta, menos dinheiro, menos tempo na tevê e a falta de interesse da população”, conta o advogado Daniel Falcão, especialista em direito eleitoral.

O professor acredita que, pelas mudanças na reforma política, até a divisão do fundo de campanha beneficia os mais antigos. “Foi tudo feito de maneira a beneficiar quem já está no poder. Existe má-vontade até dos partidos em colocar novas pessoas, visto que tem gente com capital político e votos herdados disponível no mercado”, complementa Falcão. A PEC que alterou o sistema eleitoral traz 40 dias a menos de campanha, menos tempo na tevê e mudanças na cláusula de barreira. Assim, quem não atingir números de votos ou de pessoas eleitas não terá direito à propaganda em 2022. “Você acaba matando os mais novos”. Doações por empresas estão proibidas desde as eleições municipais de 2016, o que deixa os candidatos mais dependentes das estruturas partidárias, a não ser os que podem financiar a própria campanha.

Instituída em 1998, durante o mandato de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) como presidente da República, a reeleição teve seu auge em 2006. Como resultado daquele pleito, 79% dos governadores continuaram em seus cargos durante mais quatro anos. Eram outros tempos: a economia ajudava e a eleição ainda contava com dinheiro privado para bancar as produções exageradas que ocorriam à época.

O cientista político Ivan Ervolino, acredita que a renovação será difícil de acontecer. “Falta oxigenação, infelizmente. Quem está com o poder entranhado não consegue mais deixar para lá. Quem tem poder para mudar isso é a sociedade, mas o jeito é buscar novas ideias em plataformas a que nem todo mundo tem acesso, como a internet.”

Segundo especialistas, o uso da rede, longe de garantir a democratização do acesso à campanha, será usado com maior facilidade por quem já detém mandato, com um trabalho iniciado em redes sociais. Esses candidatos terão também maior facilidade para incrementar o uso dos meios eletrônicos, já que terão acesso a mais recursos dos partidos.

Caciques com poder suficiente para indicar aliados e parentes não deixam as vagas abertas para novatos ou outsiders. Na eleição de 2014, 290 dos 513 deputados já integravam a legislatura anterior e se reelegeram. Dos outros 223, apenas 24 —4,7% da Casa — de fato nunca havia trabalhado ali. O resto entra na cota dos herdeiros de votos, dos que já tiveram mandatos anteriores como deputado ou atuaram em outra esfera do Legislativo ou do Executivo.

“Gente com quatro, cinco mandatos seguidos e com extensa vida política não entra nessa conta da renovação. São políticos profissionais que ficarão ali enquanto não houver uma iniciativa popular através do voto. Precisamos de gente interessada disposta a votar em quem trouxer novas ideias”, finaliza Ervolino.

"Foi tudo feito de maneira a beneficiar quem já está no poder. Existe uma má vontade até dos partidos em colocar novas pessoas, visto que tem gente com capital político e votos herdados disponível no mercado” Daniel Falcão, advogado, especialista em direito eleitoral

Sem vagas

A Reforma Política foi aprovada para dificultar renovações no Congresso. Estudos mostram que os “políticos profissionais” não querem abrir mão do mandato. Com poucas cadeiras disponíveis, os partidos sequer abrem espaço para lançar novos nomes.

Senado Federal

Total: 81

Não vão concorrer: 14

Em dúvida: 4

Candidatos a:

Presidente da República: 2

Governador (a): 22

Vice-governador (a): 2

Senador: 37

Investigados na Lava-Jato: 23

Câmara dos Deputados

Total: 513

Não vão concorrer: 79

Em dúvida: 69

Candidatos a

Presidente da República: 1

Governador: 6

Vice-governador: 3

Deputado federal: 355

Investigados na Lava-Jato: 55

Quer ser aprovado no exame da OAB? Conheça a melhor e mais eficiente metodologia que vai direcioná-lo à sua aprovação. Aqui suas chances de aprovação são calculadas estatisticamente e você tem a oportunidade de acompanhar o seu progresso todos os dias.

O melhor de tudo é que você pode experimentar o nosso método e comprovar sua eficácia sem compromisso. Interessou? Clique aqui e saiba mais.

Fonte: Correio Braziliense

  • Publicações799
  • Seguidores1420
Detalhes da publicação
  • Tipo do documentoNotícia
  • Visualizações10257
De onde vêm as informações do Jusbrasil?
Este conteúdo foi produzido e/ou disponibilizado por pessoas da Comunidade, que são responsáveis pelas respectivas opiniões. O Jusbrasil realiza a moderação do conteúdo de nossa Comunidade. Mesmo assim, caso entenda que o conteúdo deste artigo viole as Regras de Publicação, clique na opção "reportar" que o nosso time irá avaliar o relato e tomar as medidas cabíveis, se necessário. Conheça nossos Termos de uso e Regras de Publicação.
Disponível em: https://www.jusbrasil.com.br/noticias/regras-novas-da-campanha-eleitoral-dificultam-entrada-de-novos-candidatos/580233282

43 Comentários

Faça um comentário construtivo para esse documento.

Não use muitas letras maiúsculas, isso denota "GRITAR" ;)

É hora de aprovar:
VOTO DISTRITAL PURO, com o candidato ao legislativo (todas as esferas) necessariamente morando no Distrito.
Maioria simples.
Nada de suplente.
Proibição a doação empresarial, apenas doação pessoal, com identificação (CPF) e declaração no IR.
Extinção do Fundo Partidário e do Financiamento Público.
RENÚNCIA do eleito que se candidatar ou assumir QUALQUER outro cargo eletivo ou de livre nomeação. continuar lendo

Nada disso eles vão aprovar.

O sistema já é extremamente fechado desde 88, a CF/88 dita "cidadã" foi escrita por aqueles que iriam se valer dela para permanecer no poder.
Ninguém pode ser eleito se não participar de um partido e for abençoado pelos caciques partidários.
Se for honesto não entra no partido, a não ser que seja chamariz de votos. E se tiver um ou dois milhões de votos, ainda assim não vai apitar na atuação do partido, todos eles tem clausulas no regimento partidário que impedem o honesto de se manifestar sobre algo errado.
Criar um partido é uma tarefa árdua que exige muito dinheiro, já que precisa manejar muitos eleitores quase no país inteiro. Foi feito para não permitir inovação.

Vejam o caso do Eduardo Matarazzo Suplicy, sendo honesto e com sobrenome pomposo elegeu por décadas políticos que nem precisaram de campanha maciça por causa dele, nunca apitou em nada, nunca viu nada. Foi um "honesto" que teve capacidade de trazer grande prejuízo ao País. O famoso idiota útil. Eu fui um dos idiotas que chegou a votar nele por ser honesto.
Caso estivesse em outro partido simplesmente teria patrocinado inocentemente os ladrões do outro lado do (suposto) espectro ideológico. continuar lendo

O voto distrital permite melhor julgamento do eleitor, pois, por exemplo, para deputado federal, o candidato mora em sua região.

O estado não deve financiar partidos políticos, isso apresenta muitos conflitos de interesse. Isso não acontece nas democracias mais tradicionais.

Também, ao menos para prefeitos, deveria ser legal as candidaturas independentes de partidos políticos. continuar lendo

Norberto Moritz Koch:
De seu comentário, só tenho restrições ao conceito de "honesto" aplicado ao político mencionado. "Diga-me com quem andas..."
Aliás, sempre achei estranho um "Matarazzo" em um partido dito de "trabalhadores".
(haja aspas!)

Jose Rabello:
Grato pelo comentário. Compartilho de seu entendimento. continuar lendo

desde meus 18 anos sigo a filosofia de riscar da minha lista pessoal de elegíveis os nomes que mais aparecem, tanto nas ruas, como nas mídias, etc. nunca em quem é filho/parente/chegado de quem já está no poder, mesmo que eu goste do político em questão. não reelejo no âmbito do executivo. não voto em quem é investigado, pois não sou justiça pra precisar de provas, a mera suspeita é suficiente para perder o direito a vida política. se o suspeito quiser, pode assinar outro trabalho. essa é minha linha de raciocínio. gostaria que todos votassem de forma consciente. continuar lendo

isso nada mais é do que os atuais agentes criando barreiras de entrada artificiais para os novos potenciais concorrentes. exatamente o mesmo que todas as agências reguladoras brasileiras fazem nos respectivos mercados. o bom e velho "cartório", surrada herança lusa. continuar lendo

Candidatura avulsa urgente! continuar lendo

Sonho meu, sonho meu
Vai buscar quem mora longe
Sonho meu
Vai mostrar esta saudade
Sonho meu
Com a sua liberdade
Sonho meu
No meu céu a estrela guia se perdeu
A madrugada fria só me traz melancolia
Sonho meu continuar lendo