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20 de Abril de 2024

Mercado jurídico: advogado no cargo de CEO é uma nova tendência da profissão

Mais da metade dos presidentes dos EUA saiu da advocacia.

há 7 anos

Por João Ozorio de Melo

A incursão dos advogados no mundo da política não é novidade. Mais da metade dos presidentes dos EUA (24 em 45 até hoje) saiu da advocacia. A novidade, nos últimos anos, é a incursão progressiva dos advogados no mundo empresarial, também no posto de líder — ou de CEO de grandes corporações.


Essa é uma tendência que vem se fortalecendo, de acordo com um estudo de pesquisadores da Universidade de Chicago, da Universidade Estadual da Flórida e da Universidade Stony Brook, que examinou a formação educacional de 3.500 CEOs e os comparou com os resultados de milhares de ações judiciais contra sociedades anônimas.

Uma das principais conclusões do estudo foi a de que as corporações lideradas por CEOs com formação jurídica foram menos processadas, enquanto as demais corporações enfrentaram mais contenciosos, sobretudo nas áreas de antitruste, direitos civis do trabalhador, contratos, trabalhista, valores mobiliários (financeira) e lesões corporais.

O estudo mostrou também que as corporações dirigidas por CEOs com formação jurídica se saíram melhor nos contenciosos que enfrentaram (ou perderam menos) e tiveram de fazer menos acordos para encerrar ações movidas contra elas. Isso significa uma economia considerável de recursos financeiros e humanos.

Advogados se tornam CEOs mais úteis


A conclusão óbvia é a de que advogados se tornam CEOs mais úteis para as corporações mais sujeitas a processos, como as dos setores farmacêutico (nos EUA), financeiro e de seguros. A visão do aspecto jurídico da administração de empresas se torna um fator decisivo no sucesso geral da organização.

Em termos de comparação, o estudo menciona os casos dos laboratórios farmacêuticos Merck e Pfizer, ambas com problemas jurídicos semelhantes: responsabilidade civil por efeitos colaterais cardiovasculares resultantes de medicamentos para artrite reumatoide.

A Merck, que não é dirigida por um advogado, pagou US$ 4,85 bilhões em 2007 em acordos para encerrar processos contra ela. A Pfizer, liderada pelo advogado Jeff Kindler, pagou US$ 890 milhões em 2008, também em acordos para encerrar ações.

Um advogado, por sua formação, tem uma capacidade mais aguçada para prever riscos. No estudo em questão, o CEO da Home Depot (uma das maiores empresas de material de construção dos EUA), Frank Blake, advogado formado pela Faculdade de Direito de Columbia, deu uma explicação bem-humorada para esse fenômeno: “Pessoas normais vão para a Faculdade de Direito e lá elas aprendem a se preocupar com o que nenhuma pessoa normal se preocuparia”. E é isso que um advogado faz o tempo todo.

Isso pode ser bom, sob alguns aspectos, mas também funciona como um fator negativo, quando um Conselho de Administração deseja nomear um novo CEO para a corporação. Existe a ideia de que advogados são avessos a riscos e, portanto, podem desacelerar – ou mesmo frear — o crescimento da empresa.

Porém, nos últimos anos, o conceito de gestão de riscos ganhou ímpeto na economia, e a visão abrangente que os advogados têm das questões que se apresentam no dia a dia empresarial tornou-se um “plus”.

Os CEOs advogados, tal como os diretores jurídicos das empresas, estabelecem políticas internas que reduzem os riscos e facilitam o compliance, disse a advogada e CEO da Spectra7 Microsystems Inc., Cynthia Cole, ao Jornal da ABA (American Bar Association).

"O cargo de CEO requer a habilidade de avaliar problemas e analisar situações por todos os ângulos, para tomar decisões mais seguras", disse o CEO da Continental Airlines, Jeff Smisek, um ex-advogado corporativo em Houston, Texas. “E, em cargos de liderança, precisamos ser muito persuasivos na comunicação de nossa visão estratégica e na descrição do caminho que a empresa vai seguir. São habilidades que desenvolvi na Faculdade de Direito e em minha atuação como advogado”, afirmou ao Jornal da ABA.

O CEO advogado da Waste Management, David Steiner, disse à publicação algo bem parecido. “Os advogados são treinados para pensar, destrinchar os problemas e avaliar as questões por todos os lados. E isso ajuda a tomar boas decisões.”

O advogado David Dillon, CEO da Kroger Co., a maior cadeia de supermercados do país, contou que desenvolveu sua capacidade de analisar problemas na faculdade de Direito, onde aprendeu que, para ganhar ações criminais, tinha de entender o caso melhor do que o promotor. “Na advocacia, aprendi que não poderia resolver bem um problema ou uma questão qualquer sem antes examiná-los por todos os ângulos possíveis.”

Outros fatores que favorecem os advogados, quando considerados para o cargo de CEO, são a capacidade de gerir bem a reputação da empresa, cumprir a exigência imposta pela Comissão de Valores Mobiliários (SEC) de as sociedades anônimas avaliarem e declararem riscos aos investidores, administrar as regulamentações governamentais e “navegar” legislação e os tratados internacionais, no caso de expansão da corporação.

Os diretores jurídicos das corporações têm mais chances de serem alçados ao cargo de CEO, por uma razão muito simples: normalmente os membros do Conselho de Administração de uma corporação escolhem, para o cargo, alguém que eles conhecem. E três figuras são constantes nas reuniões do conselho: o CEO, o CFO (chief financial officer) e o diretor jurídico.

Fonte: Conjur

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41 Comentários

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Vou ser direto: discordo completamente da posição desta matéria. Resumidamente equivale a dizer que a assessoria jurídica das empresas que não tem CEO Advogado são fracas, é uma assessoria jurídica ineficiente. Se as assessorias jurídicas não tem o poder de decisão ficam mais isentas e o Administrador (formado para isto) toma decisões com uma visão mais holística e não somente pelo viés jurídico. No mundo empresarial riscos maiores nas mãos de Administradores significam lucros maiores - meta primordial de qualquer organização empresarial. Sou da opinião que as assessorias jurídicas não podem ser a última palavra na decisão administrativa e por isto não importa se a empresa perdeu ou ganhou muitas ações judiciais. Importa é o resultado enquanto empresa, seu resultado finalístico. A questão jurídica é uma questão meio e não uma questão fim. Não se pode transformar uma empresa em uma empresa jurídica - essa sim pode ter seus resultados medidos pelas ações que ganham ou não perdem. Administração é para administradores, caso contrário estaríamos admitindo o exercício ilegal da profissão de Administrador. continuar lendo

Pobre de uma Nação que precisa MAIS de advogados do que de administradores e engenheiros. continuar lendo

Analise da Merck e Pfizer nos ultimos 5 anos:

Código NYSE: MERCK
Ação passou de $45 para us$62 - aumento de 37,7%

Código NYSE:PFE
Ação passou de $28 para $33 - crescimento de 17,8%

A Merck que nao é dirigida por advogado performou mais de 100% sobre a gerida por um advogado. continuar lendo

Isso. Administradores são formados para alcançar resultados empresariais não resultados jurídicos. Resultados Jurídicos émedição de resultado para Escritórios de Advocacia. continuar lendo

Nas empresas onde trabalhei , já tinha um em cargo de CEO e outros em cargos de RH. Eu defendo que o melhor profissional pra ser o Gerente de RH de um empresa eh o advogado. Ele olha o setor de maneira mais técnica... continuar lendo

Sim. Com certeza colocar um advogado para dirigir o RH de uma corporação passa uma ótima sinalização aos funcionários de que o RH está ali para ajudá-los e não como uma ferramenta para proteger juridicamente a empresa de seus próprios funcionários. continuar lendo

Por favor, onde consigo a relação destas empresas com esta mentalidade pois se eu estiver comprado venderei imediatamente as ações. continuar lendo