Ex-detento cursa direito após 33 anos preso: 'Educação muda o homem'
Ex-presidiário vive com salário mínimo e usa metade para pagar faculdade.
João dos Santos Ferreira tem 68 anos, mas parte da sua vida – 33 anos – passou dentro de uma penitenciária. Mas a condenação a mais de 30 anos de prisão por furto, roubo e tráfico não foi motivo para ele desistir de estudar.
O ex-presidiário, que mora em São José do Rio Preto (SP), afirma que achou no lixo da cadeia um livro, e esse encontro mudou a sua vida. Ele se forma este ano no curso de direito.
João trocou as grades das penitenciárias pela faculdade. Aos 63 anos, passou no vestibular para direito e hoje está no último ano. “Quero trabalhar na Defensoria Pública e defender alguém como eu, porque o estado não quer ou precisa só punir, quer também recuperar o cidadão”, afirma João.
Somente a educação muda um ser humano. Com ignorância você não arruma nada.
O ex-detento fez os ensinos fundamental e médio dentro da cadeia e depois prestou Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), conseguindo realizar o sonho de sentar em uma cadeira da universidade. “Quero ser útil para a comunidade. Gosto de fazer o bem para as pessoas mais incultas”, diz, agora, o estudante.
O livro é o maior símbolo de mudança para João. Foi por causa de um livro que achou no lixo que ele decidiu buscar outro caminho. Agora os livros tomam conta da casa. “Ao entrar em uma cela para cumprir 30 anos eu pensei que precisava levar o livro para ser meu companheiro. Somente a educação muda um ser humano e o mundo. Com ignorância você não arruma nada”, afirma.
Apertado, mas vale a pena
Após sair da cadeia, João vive hoje com um salário mínimo e usa quase a metade para pagar a faculdade. Ele tem desconto de 50% no Fies, mas ainda assim não sobra dinheiro para comprar livros, por exemplo. “Passo apertado, mas vale a pena. É gostosa a dinâmica da aula, se eu ficar sem ir eu fico doente”, diz.
João continua a jornada em casa onde estuda por mais seis horas. Uma curiosidade do imóvel é que o ex-presidiário deixa tudo pendurado, um costume que tinha na cela da cadeia. Fora da prisão, ele manteve esse hábito, mas tudo o que tem no armário é motivo de orgulho.
O certificado de conclusão do ensino médio, que ele conseguiu mesmo preso, também está pendurado no armário da cozinha, junto com o exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) que ele prestou, além das últimas provas da faculdade, todas com excelentes notas.
Fonte: G1
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7 Comentários
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Quando João diz: Somente a educação muda um ser humano e o mundo. Com ignorância você não arruma nada”, afirma.
E disse na verdade que não teve oportunidade de Estudar, e isso é de clareza solar o conhecimento muda o mundo continuar lendo
Muito bem! Errou , pagou, está se redimindo... a educação tem poder! continuar lendo
Espero que alguns, especialmente advogados, que estejam lendo a postagem, bem como os comentários, apoiem este belíssimo exemplo de vida e o ajudem, não a começar sua carreira. Sua maior luta será, por incrível que pareça, com o órgão que lhe deveria apoiar, SIM, A PRÓPRIA OAB, É certo, como 2 + 2, são 4, passando na prova da OAB, o mesmo terá seu pedido de registro NEGADO, pela OAB, usando como base, o artigo 8º, da Lei 8906/94. São vários casos, como o dele em que, pessoas que cumpriram pena, só revertem este pensamento retrógrado na Justiça, mesmo assim, em alguns poucos casos. Lamento, mas isto acontecerá com o profissional objeto do artigo. Meu objetivo é alertá-lo, para que se prepare para este momento, que, com certeza acontecerá. continuar lendo
A sua ideia está correta, mas tendo ele cumprido a pena entendo que deve lograr êxito se aprovado no EXAME. continuar lendo
... e estudando direito, ele vai descobrir que foi doutrinado a ser um "criminoso" nessa sociedade que se tem hoje e que também viveu o abuso da doutrina jurídica na pele! FORÇA, QUERIDO ESTUDANTE! continuar lendo